A Petrobras anunciou nesta segunda-feira (25) novos reajustes nos preços dos combustíveis, que começam a valer a partir de amanhã. O preço médio da gasolina nas distribuidoras passa de R$ 2,98 para R$ 3,19, alta de 7,04%. Já o diesel sobe de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, aumento de 9,15%. Em 2021, gasolina e diesel acumulam altas de 73,4% e 65,3%, respectivamente.
Esses aumentos são consequência da política de Preço de Paridade Internacional (PPI), adotada pela Petrobras desde 2016. Desde então, os preços dos combustíveis são reajustados de acordo com a variação do petróleo no mercado internacional, cotado em dólar.
O PPI atende aos interesses dos investidores da Petrobras, que reagiram positivamente aos novos reajustes. Após o anúncio, as ações da estatal subiram mais de 4% ao longo da manhã.
Contudo, para o restante da sociedade e os demais setores da economia, a alta dos combustíveis tem drásticas consequências. Gasolina, diesel e gás de cozinha figuram como vilões de uma taxa inflacionária que rompeu os 10% no mês passado, a maior alta desde 1994, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IGBE. Além disso, como a grande maioria dos produtos é transportada por caminhões, o aumento dos custos dos combustíveis tem impacto disseminado por toda a cadeia.
Inflamável
Diretamente afetados, motoristas de aplicativo têm abandonado o ofício, por conta da escalada dos preços dos combustíveis. E caminhoneiros ameaçam realizar uma greve a partir de 1º de novembro, se não houver mudança na política de preços da Petrobras.
O presidente Jair Bolsonaro chegou a anunciar, na semana passada, que os caminhoneiros receberiam auxílio de R$ 400 para minimizar a alta do diesel. Os motoristas, contudo, classificaram a proposta como “piada”. Por outro lado, Bolsonaro sinalizou, mais uma vez, ontem (24), que não vai intervir nos valores cobrados pela Petrobras.
A base do governo no Congresso aposta na aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 11/2020, que estabelece alíquota fixa para o ICMS cobrado pelos estados sobre o preço dos combustíveis. A proposta, no entanto, encontra resistência dos governadores, que denunciam perda de receitas com o projeto. A medida, aprovada pela Câmara recentemente, não deve ter caminho fácil no Senado. Além disso, deve ter impacto reduzido, já que os percentuais do ICMS não foram alterados nos últimos tempos. Portanto, não é possível atribuir a isso a atual escalada de preços.
FONTE: RBA