O Ministério da Saúde divulgou números de pessoas que estão com a segunda dose das vacinas contra covid-19 atrasada no Brasil. São 1,5 milhões de pessoas que não compareceram no prazo para o reforço da imunização. As vacinas disponíveis no Brasil, a CoronaVac e a AstraZeneca, exigem duas doses. A falha pode implicar em problemas individuais e coletivos.
A eficácia das vacinas é comprometida caso não sejam administradas a segunda dose. A da CoronaVac é indicada de 21 a 28 dias após a primeira; e a AstraZeneca após 12 semanas. Além da ausência de imunidade para o indivíduo, existem riscos que podem comprometer a vacinação de todos. “O abandono da segunda dose é receita para criar mais variantes. Mas desta vez, resistentes às vacinas”, alerta o biólogo e divulgador científico Atila Iamarino.
“Quem toma só uma dose pode desenvolver imunidade parcial. O que não seria suficiente para proteger a pessoa do vírus. Mas pode ser suficiente para selecionar linhagens virais que escapam dessa imunidade”, completa o cientista. Então, a indicação para aqueles que estão com a vacina em atraso é para que compareça o mais rápido possível em uma Unidade Básica de Saúde para a finalização da imunização.
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A neurocientista, divulgadora científica e uma das coordenadoras da Rede Análise Covid-19, Mellanie Fontes-Dutra, explica que “somente com o regime completo e acelerando a vacinação para toda a população indicada é que todos nos beneficiaremos da proteção”, e reafirma que “se você acabou perdendo o prazo da segunda dose, busque o posto de vacinação para tomá-la o mais breve possível”.
Embora a orientação seja essa, fica o alerta dos cientistas para que não atrase a segunda dose. Mellanie explica que ” não temos dados de imunogenicidade (da CoronaVac) e eficácia pra isso (intervalos maiores). Temos pra 14 dias e 21-28 dias”.
O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, também afirmou em entrevista concedida à GloboNews no início do mês que, mesmo em atraso, a indicação é para tomar o mais rápido possível. Dimas afirma que existem indicadores que apontam para a eficácia, mesmo com período maior entre as doses. “Se for em 30 dias, em 45, não importa. Não há prejuízo. O que não pode é não ter a segunda dose”, disse o responsável pelo instituto que produz e elabora estudos sobre a CoronaVac.
O presidente do Sindicato, Rodrigo Callais, reforça a preocupação: “estamos dependendo muito do êxito da vacinação em massa para que possamos retomar a normalidade das nossas vidas, a economia, os empregos; e para isso é fundamental que todos sejam devidamente imunizados com as duas doses, e o mais rápido possível. Infelizmente ainda está muito lento o processo de imunização no Brasil”.
FONTE: RBA