Com variações ao longo de um ano e um período de baixa próximo às eleições, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou 2022 com alta de 5,79%, depois de passar vários meses em dois dígitos. Ficou abaixo de 2021 (10,06%), mas teve o segundo maior resultado dos quatro anos do governo anterior, que acumulou inflação próxima de 27%.
Planos de saúde, gás encanado, roupas e passagens aéreas também tiveram impacto no índice anual de inflação, divulgado na manhã desta terça-feira (10) pelo IBGE. Só não foi maior por causa da redução temporária dos combustíveis. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) ficou em 5,93% no ano passado.
De acordo com o instituto, a principal influência para o IPCA, indicador oficial da inflação no país, veio do grupo Alimentação e Bebidas. A alta de 11,64% representou impacto de 2,41 pontos percentuais, ou pouco mais de 40% do resultado geral. E duas vezes maior que o índice geral. Em seguida, com alta de 11,43% e impacto de 1,42 ponto, ficou o grupo Saúde e Cuidados Pessoais.
Alimentos mais caros
No grupo dos alimentos, os produtos no domicílio subiram ainda mais, 13,23%. Destaque para a cebola, que com elevação de 130,14% teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA. Já o leite longa vida aumentou 26,18% e teve impacto de 0,17 ponto em 2022. Os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho – naquele mês, chegou a ter alta de 77,84% acumulada no ano.
Outros destaques de alta em 2022 foram a batata inglesa (51,92%), as frutas (24%) e o pão francês (18,03%). A farinha de mandioca subiu 38,56% e o feijão carioca, 27,77%. Já a alimentação fora do domicílio aumentou 7,47%, com alta de 5,86% na refeição e de 10,67% no lanche.
Plano de saúde pesa
Já em Saúde e Cuidados Pessoais, o maior impacto em 2022 (0,61 ponto percentual) veio dos itens de higiene pessoal, que aumentaram 16,69%. O IBGE destaca perfumes (22,61%) e produtos para cabelo (14,97%). Além disso, o plano de saúde subiu 6,90% e teve impacto de 0,25 ponto no IPCA do ano passado. Os produtos farmacêuticos subiram 13,52%.
O grupo Transportes, que durante grande parte do ano respondeu pelas principais altas, acabou fechando em -1,29% e impacto de -0,28 ponto. O preço da gasolina, por exemplo, caiu 25,78% (-1,70 ponto). As quedas se concentraram no período pré-eleitoral, de julho a setembro, com medidas que até então o governo não vinha adotando e redução de preços influenciada, entre outros fatores, pelo limite na cobrança do ICMS sobre os combustíveis pelos estados.
Preço das roupas subiu
O maior impacto de alta (0,49 ponto), por sua vez, veio do item emplacamento e licença (22,59%). Em ritmo menor, os preços de automóveis novos e usados continuaram subindo no ano passado: 8,19% e 2,30%, respectivamente. E as passagens aéreas fecharam com aumento médio de 23,53% e impacto de 0,14 ponto.
No grupo Vestuário (18,02%), o IBGE aponta os preços das roupas femininas (21,35%) e das masculinas (20,77%) como destaques de alta em 2022. Já as roupas infantis aumentaram 14,41%, enquanto calçados e acessórios tiveram aumento de 16,83%.
O grupo Habitação teve pequena variação, de 0,07%. As principais altas vieram do aluguel residencial (8,67%), da taxa de água e esgoto (9,22%) e do condomínio (6,80%). Somados, esses itens representaram impacto de 0,62 no IPCA de 2022. Além desses, subiram artigos de limpeza (19,49%) e gás de botijão (6,27%). Já a energia elétrica residencial fechou em queda: -19,01%, impacto de -0,96 ponto no ano. O gás encanado subiu 16,58%.
Inflação tem maiores altas no Rio e em São Paulo
Entre as áreas pesquisadas, a região metropolitana do Rio de Janeiro teve a maior variação no ano passado (6,65%) e a de Porto Alegre, a menor (3,61%). Ainda na soma de 2022, a Grande São Paulo registrou 6,61%, Salvador teve 6,29% e Brasília, 6,26%.
Apenas em dezembro, o IPCA subiu 0,62%, com altas em todos os grupo pesquisados. Mais uma vez, destaque para Saúde e Cuidados Pessoais (1,60%) e Alimentação e Bebidas (0,66%). O INPC teve alta de 0,69%.
FONTE: RBA